Wiki é uma palavra utilizada pelos havaianos e que se relaciona aquilo o que é rápido, ligeiro, imediato - no sentido do tempo necessário para uma determinada ação. Por aqui a palavra
wiki está ligada a uma maneira de construir conhecimento coletivo. O melhor exemplo é a Wikipedia que pode ser "traduzida" como uma
enciclopédia online construída colaborativamente e a partir do conhecimento coletivo. É assim que ela aparece na internet, certo?
Recentemente tivemos contato com outro "Wiki", o Wikileaks. Se utilizarmos o mesmo princípio, esta palavra ganharia o significado de "vazamento construído com o conhecimento coletivo". E é!
A aula sobre
informação, foi oportuna para para trazer a questão do Wikileaks e seu efeito borboleta. É indispensável um conhecimento científico dentro do qual a informação foi esmiuçada. É importante conhecer estes conceitos, pois não há como ampliar nossa visão do mundo sem eles.
O texto
Wikileaks o que é? E o que diz sobre o Brasil? - nos serviu de fonte (origem da informação). Nele, "
lucasrocksp"(2010) conta que se o Wikileaks é uma organização transnacional sediada na Suécia, fundada por dissidentes chineses, jornalistas, matemáticos e tecnólogos dos Estados Unidos, Taiwan, Europa, Austrália e África do Sul e dirigida pelo (hacker) Julian Assange, jornalista e ciberativista.
Vimos que o projeto WikiLeaks foi mantido em segredo até Janeiro de 2007, mas que depois de vir a público recebeu vários prêmios para novas mídias, incluindo o
New Media Award da revista
The Economist; e em 2010, foi referido como o número 1 entre os “websites que poderiam mudar completamente o formato atual das notícias”.
Isto porque ao mesmo tempo em que dissemina um sem número de cópias de documentos sigilosos reveladores de práticas abusivas, crimes contra os Direitos Humanos, alfinetadas e outros comentários indevidos de altos escalões, protege a integridade de suas fontes como poucos veículos o fazem.
Além disto, a organização- cujas únicas fontes de rendimento são doações de centenas de milhares de dólares, feitas (acredite!) por empresas jornalísticas e de informação, como a Associated Press, o Los Angeles Times e a National Newspaper Publishers Association - planeja criar um modelo de leilão, onde será vendido o acesso privilegiado a documentos confidenciais.
O efeito borboletaEste é um cenário rico para um debate idem. Trouxemos a questão da desinformação - termo (do russo
desinformátsia) utilizado pelo Comando do Movimento Comunista Internacional (Comintern) para designar o uso sistemático de informações falsas para desestabilizar outros regimes políticos.
O objetivo estratégico da desinformação é tornar as instituições descrentes, induzindo a opinião pública a transferir aos agentes da desinformação a confiança que deveria ser depositada no Estado, nas leis e nos costumes tradicionais - um processo bem conhecido e apontado em livros a exemplo de o Tratado de Desinformação, de Vladimir Volkoff.
Olavo de Carvalho, pensador brasileiro, em seu artigo Censura e desinformação fala sobre o atual jornalismo brasileiro e sua notável característica da troca progressiva da informação pela desinformação sistemática.
Sistemática e sintomática! Como exercício propus que, resguardadas as proporções, lembrássemos de fatos típicos da desinformação. Logo veio à memória, o caso dos salários expostos na web em 16/6/2009 pela Prefeitura de São Paulo através do site "De olho nas contas".
Na ocasião, Cláudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo - o Sinpeem, diante da lista que mostrava um professor do ensino médio ganhando R$ 142 mil, disse: - "nenhum educador recebe essa quantia", alegando que os valores publicados eram irreais.
O impacto desta (des)informação - multiplicada como um gremlin molhado - foi devastador e apresentava um sério risco à integridade daqueles servidores públicos. Dezenas de outras situações casuísticas esquentaram o debate e troxeram macrotemas como a fragilidade dos sistemas informacionais, a responsabilidade informacional e, sobretudo, a conduta ética.
Diante de tamanha inquietação, eu proponho aqui um exercício reflexivo no qual o princípio hologramático (MORIN) seja aplicado à informação, para que possamos entender como o Wikileacks faz circular o efeito sobre a causa e possamos medir o quanto fazemos parte disto.
Minha proposta é que procuremos identificar atributos para a gestão da qualidade da informação, a fim de dizer de que forma os aspectos dimensionais da informação aparecem no caso Wikileacks positiva e negativamente.
Sordi, apud Bittencourt (2007) afirma que mesmo as informações derivadas de "achismos" e palpites organizacionais impregnados de subjetivismo, imprecisão, conflito, ignorância parcial, entre outros problemas, podem receber tratamento que as tornem mais acuradas.
Levantada a questão da ética, estes dilemas morais que surgem quando analisamos o "howto" ou as práticas do Wikileacks de "entregar" uma conversa furtada cujo conteúdo uma vez revelado pode gerar conflitos nas interações humanas, são da competência da Ética da Informação - a mesma ética que assegura o direito de o indivíduo "não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão”, como no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Então deixo uma provocação: nesta "
Era de Vidro", onde tudo é sensível e perde a opacidade, onde em cada esquina há um "
Grande Irmão" de prontidão, registrando todo movimento ou sinal, o que é (ou deixa de ser) ético? Vale receptar uma informação ainda que a justificativa esteja na possibilidade de se evitar um mal maior? É ético deixar em seu lugar seguro uma informação que pode mudar o mundo, simplesmente porque não é da nossa conta? A ética estaria no ato de informar, na literacia ou na intenção do uso?
Reagir à esta provocação é expressar livremente a sua opinião.